segunda-feira, 27 de abril de 2015

As virgens juramentadas da Albânia

Descrição para cegos: Imagem divida em três fotos. Na primeira
imagem à esquerda, a mulher kanun posa para foto em um campo aberto
apoiada numa bengala enquanto segura um cigarro. Já no lado direito
ela está em dentro de uma sala de estar falando com alguém, pode-se notar
móveis, almofadas e quadros ao fundo. Logo abaixo ainda no lado direito,
ela está de costas para uma parede olhando para o horizonte.

Por Tereza Figueiredo

Durante mais de cinco séculos, o Kanun foi passado verbalmente no norte da Albânia. Dentre os ensinamentos desse código de conduta merece destaque a tradição das virgens juramentadas, na qual meninas se consagram e abrem mão de uma vida sexual ativa e de sua feminilidade – ou qualquer vestígio que as identifique como mulheres - para assumir um papel masculino para o resto da vida.

Na tradição Kanun, a vida de uma mulher é considerada como se valesse apenas metade da vida de um homem. Entretanto, no caso de uma mulher virgem, o valor de sua vida era equiparado ao de alguém do sexo masculino. Assim, ao fazer o voto de virgindade, seja para fugir de casamentos arranjados, seja para conquistar uma posição de destaque na sociedade, a mulher passa a ter o mesmo valor que um indivíduo do sexo masculino e exerce o papel de homem em sua totalidade: se caracteriza como tal, passa a ser considerada como patriarca, anda acompanhada de outros homens e pode desempenhar trabalhos reservados exclusivamente ao sexo masculino.

Apesar de ter perdido a força que tinha no passado, essa prática ainda perdura em algumas aldeias nos Alpes, apresentando-se, àquelas mulheres, como única saída para que sejam consideradas capazes de participar na vida social dos locais em que residem, resultando em um verdadeiro paradoxo: para proteger seus interesses e defender sua autonomia ou ser considerada capaz de cuidar e prover sua família, a mulher é obrigada a abrir mão de sua vida sexual, de seu gênero, de sua identidade e deve assumir a postura de um personagem masculino, tacitamente reconhecendo que somente através da caracterização masculina é “digna” de uma postura ativa na sociedade.
Para mais informações, fotos e depoimentos de virgens juramentadas, clique aqui

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